Direitos de imagem: @webraga.pt
🇵🇹 Foi por volta do ano de 1906 que um grupo de bracarenses liderado por Artur José Soares, José António Veloso e Cândido Martins, começou a idealizar o Theatro Circo – ainda teatro se escrevia com h. Nessa altura, a cidade possuía apenas o pequeno Theatro São Geraldo, vindo, assim, o Theatro Circo satisfazer as necessidades da cidade que, tal como o resto do país, assistia a um grande desenvolvimento teatral.
Em 1911, o projeto começou a tomar forma pela mão do arquiteto João de Moura Coutinho, sendo construído, em parte, no espaço anteriormente ocupado pelo extinto Convento dos Remédios. As obras terminaram três anos mais tarde, em 1914, e a 21 de abril de 1915 o Theatro Circo foi inaugurado, numa celebração que se prolongou por cinco dias.
Foi rapidamente considerado um dos maiores e mais belos teatros de Portugal e hoje, mais de 105 anos depois, o Theatro Circo assume-se como um ícone arquitetónico. É um orgulho para os bracarenses, sendo uma das principais salas de espetáculos da região Norte do país.
O seu início foi auspicioso, em conformidade com o glamour que se viveu nos anos 20 e 30, um período de grande desenvolvimento económico e social em Braga. O espetáculo inaugural foi a peça de teatro “A Rainha das Rosas” e um mês e pouco depois, entre 27 de maio e 13 de junho, o teatro deu lugar ao circo, com a Companhia Equestre de W. Frediani. A audiência Bracarense que despertava para a cultura crescia a grande ritmo.
Nos anos que se seguiram, sob a gerência do Teatro Sá de Bandeira, o Theatro Circo atravessava um grande fulgor com óperas de Puccini e Verdi. A nível local desenvolviam-se, também, a Orquestra Sinfónica de Braga e o Orfeão de Braga.
Mas pelo seu palco passaram muitos outros grandes artistas de renome internacional da época, como a violoncelista Guilhermina Suggia, o violinista Isac Stern e o pianista Arthur Rubenstein, as Orquestras Nacionais de Florença, Praga ou Madrid, entre muitos outros. Já sob uma nova gerência a cargo de José Luís Costa, passaram pela sala de espetáculos filmes emblemáticos como “Aldeia da Roupa Branca” (1939) e “Amor de Perdição” (1943).
Ao longo de décadas, foi readaptado a novas necessidades impostas pela evolução dos tempos e adquiriu novas valências. Nos anos 20, deu-se a ampliação da sala principal e outros espaços como o Salão Nobre foram construídos. É, também, de destacar a instalação do cinema sonoro, que chegou em força a Braga na década de 30.
Nos anos 50, o público era cada vez menos e, apesar de alguns espetáculos musicais terem trazido nomes como Amália Rodrigues, a Orquestra Nacional de Viena ou a Ópera de Londres, as dificuldades continuavam a crescer. Não resistindo à concorrência de novas salas de cinema e da televisão, o declínio do equipamento e das suas funções acentuou-se, dando início a uma discussão na cidade sobre o futuro do Theatro Circo.
Em 1986, a Companhia de Teatro de Braga tornou-se companhia residente do Theatro Circo e, além de assegurar produção teatral própria, também assumiu responsabilidades na programação artística. Um ano depois, e tendo em consideração a grande importância sócio-cultural e patrimonial do espaço, a Câmara Municipal de Braga adquiriu a quase totalidade do capital acionista, assumindo, desta forma, a importância estratégica do Theatro na política cultural da Autarquia. Em finais dos anos 80 e durante quase toda a década de 90, o Theatro Circo continuou a assegurar uma programação diversificada de teatro, cinema, ópera, bailado, música, exposições e ações de formação, onde figuravam nomes como Sérgio Godinho, Madredeus, “Ballet do Exército Russo”, “Ópera de Kiev”, peças como “O Lago dos Cisnes” ou “Madame Butterfly” na ópera.
Em 1999 iniciam-se as obras de requalificação do espaço, numa decisão do Executivo Autárquico que deu sequência a um protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal de Braga e o Ministério da Cultura, co-financiado pelo FEDER, com a manutenção da arquitetura original. A profundidade das obras manteve o Theatro Circo encerrado durante 7 anos, um longo período de abstinência, que transformou o Theatro num grande complexo cultural, capacitado com a mais atual e completa tecnologia cénica e sonora, capaz de responder às necessidades da arte contemporânea nas suas mais variadas dimensões. Além da Sala Principal, com lotação de 897 lugares, e do Salão Nobre com 205m2 e capacidade para cerca de 200 pessoas, surgiram novas salas (um Pequeno Auditório com 236 lugares e uma sala de ensaios), foi aumentada a sua capacidade nas zonas de apoio com a dotação de novos camarins e armazéns e recebeu, ainda, um espaço museológico, uma livraria e um restrobar.
Todo este processo culminou a 27 de outubro de 2006 com a reabertura do Theatro Circo, num momento de celebração marcado pela atuação da Orquestra Sinfónica Nacional Checa, que devolveu à cidade uma sala de imponência invulgar e de beleza arquitetónica difícil de suplantar. Dois anos após a conclusão das obras, em 2008, a Autarquia adquiriu as restantes ações e tornou-se detentora de 100% do capital da empresa.
Sendo um organismo público, apesar de autónomo, trabalha em conjunto com a Câmara Municipal e o GNRation, proporcionando uma programação diversificada, atrativa, pedagógica, crítica e inovadora. Hoje é palco dos mais diversos espetáculos, projetos educativos, workshops, sessões de cinema, conferências, exposições, festivais e celebrações.




🇬🇧 It was 1906 when a group of people from Braga, led by Artur José Soares, José António Veloso and Cândido Martins, began to idealize Theatro Circo – while theater was still written with h in Portugal. At that time, the city only had the small São Geraldo theater, so Theatro Circo made the needs of the city, which, like the rest of the country, was witnessing a great theatrical development.
In 1911, the project began to take shape by the hand of the architect João de Moura Coutinho, being built, in part, in the space previously occupied by the extinct Convento dos Remédios. The works ended three years later, in 1914, and on April 21, 1915, the Theatro Circo was inaugurated, in a celebration that lasted for five days.
It was quickly considered one of the largest and most beautiful theaters in Portugal and today, more than 105 years later, Theatro Circo assumes itself as an architectural icon. It is a source of pride for the people of Braga, being one of the main venues in the North of the country.
Its beginning was auspicious in keeping with the glamor of the 20s and 30s, a period of great economic and social development in Braga. The inaugural show was the play “A Rainha das Rosas” and a month later, between the 27th of May and the 13th of June, the theater opened the doors to the circus, with the W. Frediani Equestrian Company. The audience from Braga, which was awakening to the culture, grew at a great pace.
In the years that followed, under the management of Teatro Sá de Bandeira, Theatro Circo enjoyed a great glow with Puccini and Verdi’s operas. At the local level, the Orquestra Sinfónica de Braga and the Orfeão de Braga were also developed.
But on its stage many other great artists of international renown of the time passed, such as the cellist Guilhermina Suggia, the violinist Isac Stern and the pianist Arthur Rubenstein, the National Orchestras of Florence, Prague or Madrid, among many others. Now under a new management by José Luís Costa, emblematic films such as “Aldeia da Roupa Branca” (1939) and “Amor de Perdição” (1943) passed through the theater.
Over decades, it was readapted to new needs imposed by the evolution of the times and acquired new valences. In the 1920s, the main room was expanded and other spaces such as the Salão Nobre were built. It is also worth noting the installation of sound cinema, which arrived in Braga in force in the 30s.
In the 1950s, the audiences were getting down, and although some musical shows had brought huge names such as Amália Rodrigues, the Vienna National Orchestra or the London Opera, the difficulties continued to grow. Not resisting to the competition from new cinemas and television, the decline in equipment and its functions was accentuated, initiating a discussion in the city about the future of Theatro Circo.
In 1986, the Companhia de Teatro de Braga became the resident company of Theatro Circo and, in addition to ensuring its own theatrical production, it also assumed responsibilities in the artistic programming. A year later, and taking into account the great socio-cultural and patrimonial importance of the space, the Municipality of Braga acquired almost all of the shareholder capital, thus assuming the strategic importance of Theatro in the cultural policy of the Municipality. In the late 1980s and throughout most of the 1990s, Theatro Circo continued to offer a diversified program of theatre, cinema, opera, ballet, music, exhibitions and training activities, featuring names such as Sérgio Godinho, Madredeus, “Russian Army Ballet”, “Kiev Opera”, pieces like “Swan Lake” or “Madame Butterfly” in opera.
In 1999, the requalification works of the space began, in a decision of the Municipal Executive that followed a protocol established between the Municipality of Braga and the Ministry of Culture, co-financed by the FEDER, with the maintenance of the original architecture. The depth of the works kept Theatro Circo closed for 7 years, a long period of abstinence, which transformed the Theater into a large cultural complex, equipped with the most up-to-date and complete scenic and sound technology, capable of responding to the needs of contemporary art in its different sizes where. In addition to the Sala Principal (main room), with a capacity of 897 seats, and the Salão Nobre, with 205m2 and capacity for around 200 people, new rooms were created (a small auditorium with 236 seats and a rehearsal room), the capacity in the support áreas was being expanded with the provision of new dressing rooms and warehouses and also received a museum space, a bookstore and a restrobar.
This entire process culminated on October 27, 2006 with the reopening of Theatro Circo, in a moment of celebration marked by the performance of the Czech National Symphony Orchestra, which returned to the city a hall of unusual grandeur and architectural beauty, difficult to surpass. Two years after the completion of the works, in 2008, the Municipality acquired the remaining shares and became the holder of 100% of the company’s capital.
As a public organization, despite being autonomous, it works together with the City Council and the GNRation, providing a diversified, attractive, pedagogical, critical and innovative program. Today it is the stage for the most diverse shows, educational projects, workshops, cinema, conferences, exhibitions, festivals and celebrations.
Deixe uma Resposta