Direitos de imagem: @europeanheritagedays @webraga.pt
🇵🇹 A criação do primitivo Mosteiro de Tibães, dedicado a São Martinho de Tours e com uma matriz pré–românica, remonta a 1070/1077. Anos mais tarde, em 1110, os condes D. Henrique e D. Teresa doaram à freguesia de Mire de Tibães as terras adjacentes ao Mosteiro, criando as condições necessárias para que se transformasse num dos mais importantes da região Norte do país.
Embora durante o século XIV as crises sociais e económicas tenham conduzido os Mosteiros à decadência moral e material, o Mosteiro de Tibães fugiu à regra, ganhando, entre 1530 e 1550, um dormitório e várias oficinas. Em 1567 passou a ser casa-mãe da recém-criada Congregação dos Monges Negros de São Bento dos Reinos de Portugal, estatuto que daria ao Mosteiro um protagonismo crescente.
Nos séculos XVII e XVIII um novo edifício vai substituir o então edificado românico-gótico, transformando o Mosteiro de Tibães num dos mais belos conjuntos monásticos do Portugal Barroco, que conta com vários claustros e grande riqueza decorativa. Na verdade, podemos afirmar que o Mosteiro de Tibães funcionou como centro de formação de arquitetos, entalhadores, douradores, imaginários e escultores, muitos deles intervenientes ativos na construção dos edifícios erguidos no séc. XVII, homens respeitados pelo seu contributo extraordinário à Arte portuguesa, como André Soares, por exemplo.
Entre outros elementos de interesse, destaca-se o trabalho de talha dourada, os retábulos, a decoração barroca, o orgão Barroco e os exemplos azulejares. A grandeza do Mosteiro é completada por uma mata circundante, onde encontramos uma capela setecentista dedicada a São Bento. No exterior do complexo sobressai um imponente cruzeiro, construído no início do século XIX e classificado como Monumento Nacional em 1910.
No contexto da consolidação do Liberalismo no país no final da Guerra Civil Portuguesa, deu-se a extinção das Ordens Religiosas em Portugal. Assim, em 1833/1834, o Mosteiro é encerrado, nacionalizado e os seus bens inventariados e vendidos a privados, com exceção da igreja, sacristia e respetivas alfaias, claustro do cemitério, antigos dormitórios, aposentos do abade geral e uma parte da cerca, que foram entregues à paróquia de Mire de Tibães. Esta usou-o como lagar e adega, preservando-se ainda hoje a manjedoura, a grade de ferro e a prensa do vinho.
A importância patrimonial do Mosteiro é reconhecida pelo Governo Português que, em 1944, o classifica como Imóvel de Interesse Público.
Perante a degradação e delapidação notória do património, o Estado Português adquire-o em 1986, com a exceção de uma parcela da cerca – a Quinta da Ouriçosa – que continua ainda hoje na posse dos donos primitivos. Iniciou-se, então, a sua recuperação com estudos, registos e limpezas que viabilizaram os projetos de restauro que se seguiram.
O Mosteiro voltou, assim, a ser utilizado: a igreja continuou a exercer a atividade paroquial de Mire de Tibães e foi acolhida uma nova comunidade religiosa, responsável pela gestão de uma hospedaria e de um restaurante, entretanto já encerrados.
O espaço foi reabilitado em 2009, tendo sida implementada uma valência cultural, associada ao conceito internacional de Museu Monumento e Jardim Histórico. Na bilheteira e loja, os trabalhos arqueológicos desenvolvidos no Mosteiro desde 1992 puseram a descoberto a parede correspondente à fachada quinhentista, com a soleira da entrada e parte da ombreira nascente, parte da escultura setecentista de Santa Escolástica, cerâmicas e outros utensílios de uso quotidiano, que nos remetem para a vivência monástica. A visita ao edifício, por sua vez, contempla a passagem pelo claustro, igreja, sacristia, coro alto, aposentos do D. Abade, galeria dos ex-abades, hospedaria, biblioteca e tantas outras divisões.
Já no que toca à cerca, existem dois percursos definidos: o verde que, com duração aproximada de 30 a 45 minutos, passa pela fonte de S. Bento, escadório, capela de S. Bento, lago, casa do volfrâmio, mata, campos e jardins, e o vermelho, mais longo, que carece de 1h30 para ser realizado na totalidade. Este passa por todas as construções arquitetónicas existentes na cerca e prolonga-se ainda mais pelos caminhos da mata.











🇬🇧 The creation of the primitive Monastery of Tibães, dedicated to São Martinho de Tours and with a pre-Romanesque matrix, dates back to 1070/1077. Years later, in 1110, the counts D. Henrique and D. Teresa donated the land adjacent to the Monastery to the parish of Mire de Tibães, creating the necessary conditions for it to become one of the most important in the northern region of the country.
Although during the 14th century social and economic crises led the Monasteries to moral and material decay, the Monastery of Tibães escaped the rule, gaining, between 1530 and 1550, a dormitory and several workshops. In 1567 it became the mother house of the newly created Congregation of Black Monks of São Bento dos Reinos de Portugal, a status that would give the Monastery a growing role.
In the 17th and 18th centuries, a new building replaced the Romanesque-Gothic one, transforming the Tibães Monastery into one of the most beautiful monastic ensembles of Baroque Portugal, which has several cloisters and a great decorative wealth. In fact, we can say that the Monastery of Tibães functioned as a training center for architects, carvers, gilders, imaginaries and sculptors, many of them active in the construction of buildings erected in the 19th century, men respected for their extraordinary contribution to Portuguese art, like André Soares, for example.
Among other elements of interest, the work of gilded carving, the altarpieces, the Baroque decoration, the Baroque organ and the tile examples stand out. The grandeur of the Monastery is completed by a surrounding forest, where we find an 18th century chapel dedicated to São Bento. Outside the complex, an imposing cross stands out, built in the early 19th century and classified as a National Monument in 1910.
In the context of the consolidation of Liberalism in the country at the end of the Portuguese Civil War, the Religious Orders in Portugal came to an end. Thus, in 1833/1834, the Monastery was closed, nationalized and its assets inventoried and sold to private individuals, with the exception of the church, sacristy and respective implements, the cloister of the cemetery, former dormitories, the abbot’s quarters and a part of the fence, that were delivered to the parish of Mire de Tibães, who used it as a mill and wine cellar – the manger, the iron grate and the wine press are still preserved today.
The heritage importance of the Monastery is recognized by the Portuguese Government which, in 1944, classifies it as a Property of Public Interest.
Faced with the notorious degradation and dilapidation of the heritage, the Portuguese State acquired it in 1986, with the exception of a portion of the fence – Quinta da Ouriçosa – which is still in the possession of the original owners. Then began its recovery with studies, records and cleaning that made possible the restoration projects that followed.
The Monastery was thus used again: the church continued to carry out the parish activity of Mire de Tibães and a new religious community was welcomed, responsible for the management of an inn and a restaurant, which are now closed.
The space was rehabilitated in 2009, having implemented a cultural valence, associated with the international concept of Monument Museum and Historic Garden. At the ticket office and shop, the archaeological work carried out at the Monastery since 1992 uncovered the wall corresponding to the 16th century façade with the entrance threshold and part of the east jamb, part of the 18th century sculpture of Santa Escolástica, ceramics and other everyday utensils, which refer to the monastic experience. The visit to the building, in turn, includes the passage through the cloister, church, sacristy, high choir, the Abbot’s quarters, gallery of former abbots, inn, library and many other rooms.
As for the fence, there are two defined paths: the green one, lasting approximately 30 to 45 minutes, passing by the S. Bento fountain, staircase, S. Bento chapel, lake, wolfram house, woods, fields and gardens, and the red one, which is longer, taking 1h30 to complete. It passes through all the existing architectural constructions on the fence and extends even further along the forest paths.
Deixe uma Resposta